Ouça dois trechos do livro O fim e o começo
PARA SER LIDO DO COMEÇO AO FIM
Músicos lunáticos, dançarinos de araque, escritores suicidas. Essa é apenas parte da fauna literária que habita o primeiro livro de Bruno Sanches, que mostra maturidade nos 13 contos que compõem O fim e o começo, lançado recentemente pela Editora Mireveja.
Segundo Bruno, O fim e o começo traz contos com alma de crônica, na medida em que tangenciam um cotidiano fugaz, com personagens delicadamente verossímeis, e, ao mesmo tempo, permitem reflexões mais profundas sobre a existência humana e a imprevisibilidade da vida. “A maioria dos textos tem uma relação com os ciclos, como morte e vida, com perdas e ganhos, com histórias que começam no fim ou terminam no começo. Aliás, nasce daí o título”, explica o escritor.
É o caso do conto "Com carinho, Chico", que narra a historia de um escritor iniciante que se suicida sem motivos aparentes, logo após o lançamento de seu mais novo livro. Ou mesmo "A mala do enxoval", que relata a vida de Djanira, que vê seus três grandes amores morrerem e, no final da vida, tem uma atitude inesperada.
A ideia dos ciclos presente nos textos também foi traduzida para o projeto gráfico, assinado pelo designer bauruense Gustavo Domingues, e traz imagens de lagartas (capa) e borboletas (miolo) para simbolizar as metamorfoses de um inseto, metáfora exposta em vários contos.
Letra e música
Bruno Sanches conta que a ideia inicial do livro era que os contos formassem uma espécie de playlist musical, pois vários deles tocavam no universo de canções nacionais e estrangeiras. “Embora a seleção e edição dos textos tenha tomado outro caminho, acho que é fácil perceber essa influência da minha vida. Tem muita música nesse livro”, diz Bruno. No conto O lado escuro da lua, por exemplo, o escritor nos apresenta uma entrevista histórica (ainda que ficcional) com o engenheiro de som Alan Parsons, conhecido por ter sido um dos responsáveis pela gravação do emblemático álbum The dark side of the Moon, da banda Pink Floyd. No conto, Parsons fala da relação entre o álbum e o filme O mágico de Oz, de 1939. Tudo criado por Bruno, que nos coloca em xeque diante de tamanha verossimilhança com a realidade.
Com humor, ainda resgata a canção Pai, de Fábio Jr, e mistura Michael Jackson, U2, Depeche Mode, Sambô e a dupla sertaneja Wartinho e Warci, que dá nome a outro conto. Em "Silent Lucidity", Bruno mergulha na personagem de uma adolescente e sua relação com a avó, durante um show da banda Queensrÿche, capitaneada por Chris DeGarmo, autor da música que dá título ao conto.
Assim, O fim e o começo é um antro de histórias bem-humoradas, sarcásticas, melancólicas, cheias de surpresas. Tudo de uma vez, como se o mundo estivesse prestes a acabar. Como se fosse o fim. Ou o começo.
Conteúdo extra
Outra novidade que O fim e o começo traz é a utilização de QRCode, um código que nos direciona a uma página da internet com conteúdo extra, incluindo clipes das músicas citadas nos contos e depoimentos do autor, que lê trechos e explica como nasceram alguns dos textos. O código vem impresso numa das orelhas do livro e pode ser lido por smartphones, apontando a câmera.
O escritor Bruno Sanches.
Conheça a história do conto "Silent Lucidity", inspirada na música da banda Queensryche.
Conheça a história do conto "A mala do enxoval".