POESIA
Em seu segundo livro de poesia, Carlos Canhameiro mergulha com fôlego em questionamentos ao mesmo tempo atuais e atemporais, entremeando-os com reflexões sobre o próprio fazer poético. E apresenta-se como o artista múltiplo que é – ator, diretor, dramaturgo e escritor que trafega por diversas linguagens com desenvoltura.
Leitor voraz e grande pesquisador de linguagens, Canhameiro faz de Atalho um mosaico de referências literárias – Drummond, Pessoa, Hilda Hilst, Manuel Bandeira, Adélia Prado, Ana Cristina César, Maiakovski, Ana Martins Marques, Thérèse Marie Bertrand. Em alguns casos, o diálogo com esses poetas é direto, como no poema Da minha boca, que faz referência aberta a Das tuas mãos, de Ana Duarte. Há ainda espaço para cineastas como Paolo Pasolini, dramaturgos como Antonin Artaud, o pintor Gustav Klimt, além de uma homenagem a Chiquinho Medeiros, dramaturgo falecido em 2019 – o livro traz um poema com seu nome.
Em meio a tantos caminhos, há em Atalho uma militância, uma entrega aos personagens, com os quais o autor assume vários papéis e vozes. Ou ainda se embrenha em universos variados, como o futebol, a violência, a paternidade, o consumismo, a religião, questões gênero e, claro, o amor e o sexo.
Carlos Canhameiro mantém, nos textos de Atalho, a ausência de pontuação – uma marca de sua obra, na poesia e no teatro. Seu primeiro livro de poesia, Poesia sem ponto (Lamparina Luminosa, 2017), já se vale desse predicado, dando nova dimensão a certas construções. O mesmo ocorre em O canto dos homens da terra, texto de dramaturgia no qual o autor vê, nessa forma de escrita, a possibilidade de ampliar o entendimento das frases, inclusive para quem vai encená-las. Influenciado pelo dramaturgo Heiner Müller (autor de Hamlet Machine e MedeaMaterial), Canhameiro deixa que a dúvida seja impulsionadora no processo de interpretação e imaginação de cada leitor.
Este livro foi produzido através do PROAC LAB, com recursos da Lei Aldir Blanc (Lei 14.017 de junho de 2020)
ATALHO Carlos Canhameiro
Carlos Canhameiro é escritor e diretor de teatro. É integrante fundador da Cia. LCT e da Cia De Feitos, além de artista parceiro da Cia. Teatro de Riscos e Cia. 4 pra Nada. Tem doutorado em artes pela Unicamp (onde também fez mestrado e graduação em artes cênicas). Publicou as peças Ensaio sobre a queda (2010), Concílio da destruição (2011), O canto das mulheres do asfalto (2015), ANTIdeus (2017), AINDA nada de novo (2019), O canto dos homens da terra (2020), entre outras. É autor de Poesia sem ponto (2017).
128 páginas
1a Edição
ISBN 978-65-86638-12-7
Editora Mireveja
Capa e projeto gráfico: Luciana Facchini