CONTOS E CRÔNICAS
 
Farol, ancoradouro, oásis e sal é um exemplo da literatura que não tem fronteira, da escrita que rompe barreiras, da arte que universaliza, agrega. Segundo volume da coleção Vozes Femininas na Literatura, reúne dezessete autoras ligadas por uma condição geográfica – todas elas vivem ou viveram na cidade de Leme, no interior de São Paulo. No entanto, o que poderia ser um limitador torna-se o fio condutor para algo incrivelmente diverso, plural. Temos um livro assinado por mulheres distintas na idade, na trajetória, na relação com a escrita, na forma de ver o feminino e o mundo. Com a potência de seus textos e a amplitude de suas vozes, elas rompem os limites impostos por um ambiente predominantemente masculino, síntese e espelho do machismo de toda a sociedade, o da literatura. 
O primeiro livro desta coleção, O vazio não está nem quando é silêncio, foi lançado em 2020, reunindo autoras da cidade de Bauru. Estava sinalizado o caminho escolhido por uma editora independente, de pequeno porte, que reconhece o valor do coletivo e faz questão de se posicionar diante dos grandes temas, das grandes lacunas.
Entre contos, crônicas e microcontos, Farol, ancoradouro, oásis e sal traz dezessete textos em prosa que comungam aspectos do universo feminino ao falar de temas como o trabalho, a rotina, a autoestima, a violência, a libertação e a resistência. Sim, este é um livro de resistência. Resistência e luta. O simples fato de ser escrito exclusivamente por mulheres já evidencia esse lugar na cena editorial e, por sua força literária e humana, deixa claro que o mundo precisa, urgentemente, ser mais feminino.